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O mal reside na furna
da ignorância.
O ódio respira nas trincheiras
da discórdia.
A inveja mora no deserto
da insatisfação.
A tristeza improdutiva desabrocha
no abismo do desânimo.
A perturbação cresce no precipício
do dever não cumprido.
O desequilíbrio desenvolve-se no
despenhadeiro da intemperança.
A crueldade nasce no pedregulho
da dureza espiritual.
A maledicência brota no
espinheiral da
irreflexão.
A alegria reside no coração
que ama e serve.
A tranqüilidade não se
aparta da boa
consciência.
A fé reconforta-se no
templo da confiança.
A solidariedade viceja no
santuário da simpatia.
A saúde vive na submissão
à Lei Divina.
O aprimoramento não se separa
do serviço constante.
O dom de auxiliar mora na casa
simples e acolhedora da
humildade.
Cada ave em seu ninho, cada
cousa em seu lugar.
Há muitas moradas para nossa
alma sobre a própria Terra.
Cada criatura vive onde lhe apraz
e com quem lhe agrada.
Procuremos a estrada do verdadeiro bem que nos
conduzirá à felicidade perfeita, de vez que,
segundo o ensinamento do Evangelho, cada
espírito tem o seu tesouro de luz ou
o seu fardo de sombra, onde houver
colocado o próprio coração.
Francisco C. Xavier /Emmanuel

A morte não é o fim de tudo.
Ela não é senão o fim de uma coisa
e o começo de outra.
Na morte o homem acaba,
e a alma começa.
Que digam esses que atravessam
a hora fúnebre, a última
alegria, a primeira do
luto.
Digam se não é verdade que ainda
há ali alguém, e que não
acabou tudo?
Eu sou uma alma.
Bem sinto que o que darei ao túmulo
não é o meu eu, o meu ser.
O que constitui o meu eu, irá além.
O homem é um prisioneiro.
O prisioneiro escala penosamente os muros
da sua masmorra, coloca o pé em todas
as saliências e sobe até ao
respiradouro.
Aí, olha, distingue ao longe a
campina, aspira o ar livre,
vê a luz.
Assim é o homem.
O prisioneiro não duvida que encontrará
a claridade do dia, a liberdade.
Como pode o homem duvidar se vai
encontrar a eternidade
à sua saída?
Por que não possuirá ele um corpo sutil,
etéreo, de que o nosso corpo humano
não pode ser senão um esboço
grosseiro?
A alma tem sede do absoluto e o
absoluto não é deste mundo.
É por demais pesado
para esta terra.
O mundo luminoso é
o mundo invisível.
O mundo do luminoso é
o que não vemos.
Os nossos olhos carnais
só vêem a noite.
A morte é uma mudança
de vestimenta.
A alma, que estava vestida de
sombra, vai ser vestida
de luz.
Na morte o homem fica
sendo imortal.
A vida é o poder que tem o corpo
de manter a alma sobre a terra,
pelo peso que faz nela.
A morte é uma continuação.
Para além das sombras, estendes-se
o brilho da eternidade.
As almas passam de uma esfera para outra,
tornam-se cada vez mais luz, aproximam-se
cada vez mais e mais de Deus.
O ponto de reunião
é no infinito.
Aquele que dorme e desperta,
desperta e vê que é homem.
Aquele que é vivo e morre,
desperta e vê que é
Espírito.”
Victor Hugo